Não satisfeito em lotear a ilha para os ricos, expulsar famílias empobrecidas por conta dos altos alugueis – consequência da especulação – e destruir a natureza em nome do lucro, o prefeito agora quer derrubar ou repassar o ponto dos quiosques tradicionais que ocupam as praças às grandes empresas. Sim. Há proposta de demolir uma grande parte deles e abrir licitação para os que ficam em lugares considerados mais “nobres”. Os comerciantes que ocupam estes espaços há quase 40 anos estão completamente aturdidos. Ele chegaram a criar uma associação para poder discutir melhor o tema com a prefeitura, mas o que mais tem é desinformação.
Os quiosques e bancas de jornal que existem na cidade há décadas surgiram num tempo em que Florianópolis ainda era uma pacata cidade, quase interiorana. Os comércios surgiram justamente para oferecer às pessoas um lugar para tomar um refrigerante, comer um pastel. E cada um deles obedeceu às leis da época. Hoje, são espaços históricos como o Cachorro Quente do Afonso, na Avenida Hercílio Luz, o Brasinha, no Saco dos Limões, o quiosque da praça Pereira Oliveira e as bancas da praça. São praticamente três gerações da cidade que cresceram tendo estes quiosques como parte da vida.
Agora, o prefeito Topázio que “regularizar” os quiosques. Mas, o que se esconde por trás dessa fala de legalidade é o desmantelamento destes negócios para a entrega do espaço à grandes corporações. Muitos serão demolidos sem dó. E outros terão de participar de edital. Ora, é óbvio que os pequenos comerciantes não terão muita chance diante das grandes empresas que certamente buscarão disputar os lugares mais nomes como a Praça Central e outros pontos mais turísticos. E o que vai acontecer é o mesmo que aconteceu com Mercado Público. Quando os comerciantes históricos foram retirados sob a mesma argumentação de “regularização”, a maioria não conseguiu disputar em igualdade de condições com os novos proponentes. Alguém pode dizer que isso é a “livre concorrência”, mas não é. Não há livre concorrência se não há igualdade de condições.
Quando não havia nada nas praças esses comerciantes investiram seu dinheiro e suas vidas para oferecer algum conforto para os cidadãos. Agora que a cidade se enche de turistas eles são simplesmente rifados. A cidade permitirá? Eis a questão. Ouvimos o gerente do Quiosque do Mozo, Rodrigo Garcez Coelho e o dono da Banca da Catedral, Adriano Silva.