Nossa comunitária nasceu da luta. A grande batalha que o bairro do Campeche iniciou pelo Plano Diretor no final dos anos 80 e que em 1998 fez brotar esse espaço de comunicação. Uma rádio para irradiar a voz dos movimentos que se organizavam no bairro. Desde aí essa pequena casinha na Travessa Iracema das Chagas Pires, bem no rumo do mar, vem sendo esse lugar onde o sentimento comunitário se une às lutas pela cidade sonhada. Porque os campechianos que iniciaram essa luta nunca pensaram apenas no umbigo, sempre foi a cidade. E foi assim que atravessaram décadas lutando pelo bairro-jardim e por uma Florianopólis que pudesse ser vivida e fruída também pelas gentes trabalhadoras.
Nossa rádio vem atravessando os anos nessa peleia. Quando os movimentos crescem, a rádio ferve. Quando os movimentos arrefecem, a rádio apenas resiste. Mas, se mantém, ali, espaço da comunidade organizada e da cidade em luta. Nos últimos dois anos, como todos na cidade, mergulhada na pandemia do coronavírus, a rádio se manteve no ar a duras penas, porque, afinal, o tempo era de cuidar de se manter vivo. Ainda assim, os sócios comprometidos com o projeto não arredaram pé, mantiveram a anuidade e garantiram que a comunitária continuasse a irradiar a vida.
Mas, esses anos de pandemia também foram tempos de grandes desafios. A rádio está numa região que tem tido frequentes quedas de luz, o que sistematicamente a tira do ar. Além disso, essa ação de cai e volta luz cobra dos equipamentos que vão se deteriorando ou queimando. Nos últimos meses tivemos uma maré de infortúnios, quando perdemos vários equipamentos, incluindo aí o transmissor, que é o coração da rádio. Queimaram computadores, os transmissores e também se verificou que a antena da rádio estava rota. Tudo isso implicou uma batalha para efetuar a troca, coisa que não é barata. Como vivemos apenas das anuidades e alguns apoios culturais tivemos de fazer uma campanha para arrecadar dinheiro.
Devagar, fomos repondo os equipamentos e finalmente neste sábado, dia 02 de junho, conseguimos efetuar a troca da antena. Toda essa odisseia contou com a ajuda importante de dois técnicos de rádio, o Edison Garcia e o Cleto Clarioni, que consertaram os transmissores. Para a troca da antena vieram o Fabiano e o Samuel, na arriscada subida de mais de 30 metros num poste fino. Dias e dias de espera, mas agora parece que está tudo bem. A rádio voltou ao dial 98.3 e já pode ser escutada direto do radinho. Na internet sempre esteve.
Agora, começa nova campanha para garantir o pagamento das contas do mês já que os consertos todos comeram o caixa. Assim, pedimos aos associados que ainda não quitaram a anuidade, para que façam isso agora. E os que quiserem ajudar a rádio com alguma contribuição é só mandar um pix, com a Chave: 03434315000135. Qualquer contribuição é bem-vinda.
Dito isso, seguimos com a comunitária fazendo aquilo para o qual nasceu: transmitindo a voz da luta do bairro, da comunidade organizada, dos lutadores sociais de toda a cidade. Obrigada a todos e todas que ajudaram nesse momento difícil. Apear de todos os percalços, por aqui, enquanto houver bambu vai flecha.