A vulnerabilidade ao coronavírus, a fragilidade econômica imposta pela necessidade de isolamento e a ameaça trazida por um projeto de lei que prevê novas regras de demarcação de terras expõem os povos originários a um contexto de emergência. Lançada nesta sexta-feira, a nova campanha do Coletivo Cestou Floripa irá arrecadar doações, via PIX, para contribuir com a redução de danos na Aldeia Tekoa Marangatu, de Imaruí. Os recursos serão revertidos em cestas básicas, mas também é possível contribuir com donativos e doações de agasalhos. A arrecadação termina no dia 25 de agosto.
As cerca de 60 famílias indígenas do povo Guarani Mbya se preparam para a época de plantação. Durante a pandemia de COVID-19, no entanto, a insegurança provocada pelo vírus e a instabilidade econômica do país levam seus moradores a uma situação de vulnerabilidade. “Estamos pedindo para quem quer ajudar a comunidade. É bem-vindo a gente estar recebendo essa ajuda lá de fora”, fala Irineu Benite, liderança da aldeia.
Tekoa Marangatu, em português, significa “terra harmônica”. Irineu conta que a aldeia foi fundada em 1999 e hoje é a mais populosa da região. A doação de mantimentos – alimentos e roupas de inverno – é importante para auxiliá-los no momento em que a comunidade se reúne em mutirão para o trabalho agrícola. “É o momento de a gente se reunir e se ajudar, estamos no tempo de preparação de terra e começando a fazer isso”, conta.
A aldeia fica localizada ao longo de 76 hectares de Mata Atlântica. Além da atividade agrícola, a venda de artesanatos também é uma fonte de renda na comunidade, mas o trabalho foi ameaçado pela necessidade de deslocamento, longas viagens e exposição ao vírus. A Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) alerta, desde o início da pandemia, para os riscos que a COVID-19 leva aos povos originários. Mesmo sendo um grupo prioritário na vacinação, o registro oficial indica mais de 50 mil casos confirmados e 748 óbitos no país.
A comunidade já foi atendida por uma das campanhas de arrecadação, em maio, recebendo 50 cestas básicas. O Coletivo Cestou Floripa também pretende, com a campanha, alertar para os riscos trazidos pelo Projeto de Lei 490, que tramita no Congresso desde 2007 e que altera as regras de demarcação das terras indígenas. Hoje, esse procedimento considera que os povos originários não precisam comprovar data de posse de terra para a demarcação, mas a PL condiciona a necessidade de um marco temporal atrelado à promulgação da Constituição, em 1988.
Saiba mais sobre o Cestou Floripa e suas campanhas
O coletivo Cestou Floripa é uma iniciativa voluntária de um grupo de amigos preocupados com a situação do país e inspirados pelo Cestou Uberlândia, movimento organizado em Minas Gerais. Desde a primeira campanha, em abril, foram mais de 200 cestas básicas doadas, além de produtos de higiene, cobertores e marmitas entregues a grupos em situação de vulnerabilidade. A proposta é, além de ajudar com alimentos, alavancar reflexões sobre os problemas econômicos e humanitários associados à pandemia.
Nas cinco campanhas realizadas até aqui, o Cestou colaborou com a Associação de Mulheres e o Movimento de População de Rua, em Florianópolis, e a aldeia indígena Tekoa Marangatu, de Imaruí e artistas da região, duramente impactados pela pausa nas atividades por conta da pandemia. A ação junto ao Movimento de População de Rua vai continuar por meio da doação de alimentos para um jantar oferecido na região central Florianópolis.
Veja a prestação de contas da última campanha: https://www.instagram.com/p/CRPhrPTjOMl/?utm_medium=copy_link
Para ajudar com recursos, faça um Pix: 48984711903
Participe de outras formas, acompanhe as campanhas e a prestação de contas seguindo e mandando mensagem no Instagram do Cestou Floripa: https://instagram.com/cestou.floripa