Foto: Milton Ostetto
Texto: Elaine Tavares
O sábado (29) foi um dia de luta em todo o país. Milhares de pessoas saíram às ruas em protesto contra o governo de Jair Bolsonaro que colocou o Brasil num de seus momentos mais dramáticos, chegando a quase 500 mil mortes pela Covid-19. Desde o começo da pandemia o governo apostou na tática da “imunidade de rebanho” que significa deixar que o povo se infecte no maior número possível para, assim, com toda a gente contaminada, garantir a imunidade. Lógico que isso significa também deixar morrer uma multidão de pessoas que poderiam ser salvas caso o governo tivesse tido uma ação segura de prevenção e de proteção.
É nessa toada que o país está desde que o vírus chegou por aqui em março de 2020. Desde o começo, o governo minimizou a doença e tripudiou das medidas preventivas como o uso de máscara, o distanciamento social e o fechamento total. Por conta disso chegou a trocar dois ministros da Saúde, porque eles defendiam a necessidade dessas medidas. Por fim, um terceiro ministro, fez o que o presidente queria, e tão bem feito que chegou a deixar um estado inteiro, o Amazonas, sem oxigênio, provocando a morte de centenas de pessoas. Não bastasse isso, o governo deixou de comprar vacinas quando as empresas ofereceram, atrasando de maneira significativa o processo de vacinação que hoje acontece a conta gotas, com pouco mais de 10% da população imunizada com as duas doses. Tudo isso foi denunciado e comprovado na CPI do Congresso que investiga a responsabilidade do governo na tragédia brasileira.
Mas, apesar de os depoimentos apontarem claramente para o crime de lesa-humanidade, as instituições brasileiras seguem sem apontar caminhos de punição e o presidente segue aglomerando, sem máscara, tentando evitar medidas de restrição e impedindo a chegada da vacina. Nem o Congresso, nem o Judiciário agem no sentido de garantir a vida dos brasileiros. Não bastasse isso, enquanto seguem com a CPI em passos lentos, os deputados vão “passando a boiada”, aprovando privatizações e reformas que empobrecem o país e os trabalhadores.
Nos estados governados pelos aliados políticos do presidente a história é a mesma, e agora muitos governadores e prefeitos querem, inclusive, o retorno às aulas presenciais, ainda que a pandemia siga crescendo e sem controle. Inúmeras mortes de professores vão sendo reportadas na medida em que os governantes obrigam ao retorno. Há os que lutam, como em Florianópolis, que fizeram uma importante greve contra o retorno presencial, ainda que sejam penalizados pela Justiça. Mas, no geral, os trabalhadores, com medo de perder o emprego, voltam e se expõe à doença.
Por conta disso, apesar do medo, já que a pandemia segue sem controle com a nova variante indiana se espalhando, os trabalhadores decidiram que já era hora de sair às ruas. Até porque os apoiadores de Bolsonaro, que gritam contra as medidas de restrição e exigem remédios inúteis como prevenção da doença, tem ocupado às ruas respaldando a política de morte.
E assim, neste sábado (29) milhares de pessoas se manifestaram em marchas gigantescas nas capitais e atos massivos nas cidades médias e pequenas. Exigindo vacina, comida na mesa e investimentos na saúde pública. Os trabalhadores, estudantes, povos indígenas e camponeses querem o fim desse governo e a responsabilização do presidente pelo abandono da nação.
Em Florianópolis a marcha encheu as ruas e percorreu todo o centro da cidade. Mais de cinco mil pessoas participaram. O grito de “fora Bolsonaro” cresce e novas mobilizações estão sendo preparadas. Sem ação das instituições será a população organizada e em luta quem vai botar para correr o genocida.
A repórter Miriam Santini de Abreu conta como foi na capital catarinense.