Terrenos da Comcap são suportes importantes nos bairros
A primeira reunião da Câmara de Vereadores, chamada de forma extraordinária, em pleno janeiro e no auge da pandemia, mostrou claramente como serão as coisas nos próximos anos. O grupo majoritário, completamente ajoelhado diante do prefeito, forma uma espécie de puxadinho da prefeitura, aceitando tudo que vem de lá de maneira cega. Pelo visto, qualquer coisa que o Gean mandar, passa. Vai ser necessário muita luta para impedir os desmandos e os maus projetos.
A convocação extraordinária foi para que os vereadores aprovassem a tramitação, em regime de urgência, de um “pacotaço”, com uma série de propostas que tiram direitos dos trabalhadores da Comcap, que destrói o patrimônio público com a proposta da venda de 51 terrenos da Comcap, que cria mais de mil cargos de confiança, que regulariza construções ilegais e muito mais. Nenhuma palavra sobre a pandemia, a proteção da população, a vacinação. O prefeito já começa a pagar as promessas feitas aos seus patrocinadores.
Um requerimento do vereador Afrânio Boppré sugeria um tempo maior para a discussão dos projetos, sem regime de urgência, permitindo assim que os vereadores possam estudar melhor, apresentar emendas ou construir argumentos de rejeição. “Não há necessidade de fazer isso às pressas, no recesso e sem a participação popular”, defendeu. Mas, na hora da votação, a derrota foi esmagadora. A base do prefeito, que é maioria, passou a régua e votou na proposta do Gean.
Não bastasse ter de ouvir os argumentos mais esdrúxulos dos vereadores novatos, como a do Partido Novo (tão velho quanto os demais), Manu Vieira, que disse votar na proposta do prefeito para garantir mais empregos, a sessão da Câmara foi marcada pela truculência e falta de educação do presidente da Casa, vereador Katumi, que ironizou as falas dos colegas de oposição e se atravessou no tempo das vereadoras, um verdadeiro horror.
Agora, uma comissão de onze vereadores, presidida por Renato da Farmácia ( o líder de Gean na Câmara) vai apreciar o pacote em dois dias, apresentando pareceres já na quarta-feira e marcando a votação para a próxima segunda-feira (25/01). Tudo feito na correria, com as cartas bem marcadas. A alegação do prefeito para vender o patrimônio público é que precisa reforçar o Fundo de Previdência, porque “gasta muito” com os trabalhadores aposentados. A velha mentira de sempre.
O fato é que a maioria dos terrenos fica em áreas nobres da cidade como Canavieiras, que soma 45 dos imóveis, Jurerê e Coqueiros. Ou seja, sai da mão do município para entrar na mão da iniciativa privada. A turma do cimento e da especulação já está com as garras preparadas para abocanhar.
Os trabalhadores da Comcap realizaram ontem uma paralisação e seguirão mobilizados para impedir a retirada de direitos bem como a queima do patrimônio público. Seria importante que a população pudesse tomar conhecimento desse absurdo e também se mobilizasse contra. Caso contrário, mesmo antes da legislatura nova começar, já teremos uma grande perda para a cidade e mais uma festa da especulação imobiliária.