Desde o início do isolamento social que um grupo de pessoas, já tradicionalmente ligados à luta pela moradia na cidade, tem atuado no sentido de garantir alimentação e produtos de limpeza para as famílias que ficaram completamente sem assistência. É sabido que o tal auxílio emergencial deixou de fora milhões de pessoas e outras tantas ainda necessitam enfrentar numerosos obstáculos para garantir o recurso. Tudo tem sido feito para atrapalhar o pagamento. Só que a fome não espera. Ela chega e precisa ser saciada. Por isso que uma rede solidária foi tecida, sob a coordenação de Loureci Ribeiro, Elisa Jorge e Ricardo Wolff, com o apoio de Albani, Wesley e Gerson, da ocupação Marielle Franco.
A ajuda prestada, principalmente às famílias das oito ocupações existentes hoje na grande Florianópolis, se expressa numa cesta básica – com comida, produtos de limpeza e higiene pessoal. Mas, apesar de os produtos serem sempre mais baratos nas grandes cadeias de supermercado, essa rede decidiu montar as cestas utilizando apenas os estabelecimentos menores, nos bairros, visando com isso também fortalecer as relações econômicas de promoção de trabalho e renda e a cadeia de reinvestimento na economia de comércio e serviços locais.
Um dos lugares que tem sido parceiro nessa jornada da Campanha Solidária é o Mercado DEGANI, nas Areias do Campeche, que já conseguiu montar mais de mil cestas, sendo que 95% delas só para o movimento de ação solidária. “A causa no coletivo fica mais forte”, afirma Silvana Degani, responsável pelo mercado. Ela também tem incentivado que os clientes façam pequenas doações em dinheiro para assim, juntando as doações poder montar outras cestas para entregar a famílias da região.
Segundo Silvana, o problema maior no que diz respeito ao mercado é a falta de alguns produtos, pois agora nesses tempos de pandemia as redes dos grandes supermercados acabam abocanhando mais, fazendo com que os pequenos fiquem a ver navios. Nas Areias a maioria das famílias é de baixa renda e, agora, tem que se adaptar com o fato de fazer comida em casa, por isso a procura pelo mercadinho é maior. Mas, a compra é sempre feita de maneira picada, só quando se precisa do produto. Por isso que a decisão dos grupos de solidariedade em comprar nos pequenos comércios tem sido fundamental para a manutenção desses espaços.
Nesse final de semana o mercado preparou mais 62 cestas básicas para a ação do Movimento de Moradia, que foram distribuídas em vários espaços da cidade. Essas cestas são compradas com os recursos vindos de doações de trabalhadores de diversos setores públicos e privados. Além da comida, vai um frasco de álcool gel com lavanda aromática e bactericida da Li Paes, do Rio Tavares e máscaras do Ateliê Xô Stress, do Córrego Grande.
No último sábado o grupo começou o trabalho de entrega no bairro João Paulo, deixando dez cestas na Colônia de Pescadores do João Paulo e também outras dez para a Colônia de Pescadores do Norte da Ilha. Na parte da tarde a distribuição foi no Morro da Jagata e no Mocotó.
Domingo o grupo seguiu para a Ocupação Marielle e deixou algumas cestas também no CAPS da Armação para os usuários do serviço psicossocial. Esse é um trabalho que segue sistemático, sem parada, pois a necessidade das famílias é grande.
Quem quiser fazer doação, é só entrar em contato pelo telefone:
Elisa Jorge 98413-30 43