Texto: Carlos Eduardo Gomes
Meninas e mulheres podem contar com o reforço no enfrentamento a violência doméstica durante o período de distanciamento social aqui em Florianópolis. Trata-se da FRENTE DE APOIO EMERGENCIAL ÀS MULHERES EM SITUAÇÃO DE VIOLÊNCIA que conta com psicólogas, assistentes sociais e advogadas atuantes no acolhimento das vítimas. Esta rede de ação popular é organizada pelo Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro de Santa Catarina.
Um canal alternativo de auxílio é importante e deve ser divulgado para que pessoas possam ser salvas. Se você é profissional da área, colabore. Para somar no combate à violação de direitos é necessário ampliar as redes de apoio e mostrar que estes crimes estão sendo acompanhados. Mulheres vítimas de violência precisam de alternativas para suas vidas. Pelos contatos listados a seguir é possível buscar ajuda.
Os canais de denúncia e os contatos são estes:
https://www.facebook.com/ColetivoFeministaAnaMontenegroSantaCatarina
https://www.instagram.com/anamontenegro.sc/
Whats App: 48 – 99 129 1521
A psicóloga Luana Trevisan é militante do CFCAM-SC e organizadora desta frente e relata que “as mulheres são sistematicamente e das mais diversas formas violentadas, o que pode gerar uma naturalização dessa violência”. Muitas mulheres nem se reconhecem como vítimas e muitas vezes a denúncia não acontece. Além disso, outros fatores como a dependência financeira, o medo que essas mulheres sentem de seu agressor e a tentativa de alimentar sentimentos positivos por ele, geram ainda mais resistência em realizar denúncias.
O Mapa da Violência Contra a Mulher explica que a violência doméstica é todo tipo de agressão vivenciada pelas pessoas que moram sobre o mesmo teto. Uma das imagens mais associadas à violência contra as mulheres é a de um homem que agride a parceira, motivado por um sentimento de posse sobre a vida e as escolhas daquela mulher. Nem sempre essas agressões deixam marcas, elas podem ser de natureza psicológica, sexual, patrimonial e moral. Este problema deve ser combatido e pode se agravar ainda mais neste momento de isolamento social que estamos vivenciando desde a metade do mês de março aqui na capital.
No Anuário Brasileiro de Segurança Pública, publicado em 2019, temos alguns números sobre os casos de feminicídio no país. Nos casos registrados, é possível identificar que 65,6% das mulheres foram assassinadas dentro de casa. A relação entre a vulnerabilidade social e a violência pode ser percebida a partir da escolaridade: 70,7% das vítimas cursaram até o ensino fundamental. 61% dos casos são praticados contra mulheres negras. Esses dados refletem desigualdades sociais. E as desigualdades de gênero se percebem quando os registros permitem identificar que 88,8% das mulheres vítimas de feminicídio são assassinadas pelos seus companheiros ou ex-companheiros.
Mês passado foram apresentados dados da Gerência de Estatística e Análise Criminal de Santa Catarina revelando que o número de ocorrências de violência doméstica registradas vem caindo no estado desde janeiro deste ano. Após o início da quarentena o número de denúncias caiu pela metade. A Secretaria de Segurança Pública não acredita que os números refletem possíveis subnotificações devido as frequentes quedas. Os números de feminicídios em Santa Catarina também caíram de 24 para 19 em relação ao mesmo período do ano passado (01/01 a 04/05).
Isso não é desculpa para cruzar os braços e deixar para entender os números somente após a pandemia. A verdade é que em 2017 e 2018 os números de feminicídios eram menores, logo esta queda não nos dá alívio algum. Há pouca informação sobre como buscar ajuda. As orientações priorizadas são para falar dos incontáveis métodos de lavar as mãos e a importância de ficar em casa. Não se sabe se os postos policiais estão abertos, se após a denúncia ela terá que voltar para a casa junto ao agressor, além de ter muito lugar que a polícia não chega.
Registros de violência doméstica em Santa Catarina:
Janeiro: 6.564
Fevereiro: 6.202
Março: 5.681
Abril (até 22/04): 2.860
Denúncias a Polícia Civil podem ser feitas ligando para o número 181 ou enviando mensagem no whats app 48 – 98 844 0011;
A polícia militar atende, por meio do programa Rede Catarina, mulheres vítimas de violência que ligam para o número 190 ou através do aplicativo PMSC Cidadão;
Delegacia da Mulher: 48 – 3665 – 6528;
Em todo o território nacional, mulheres podem pedir socorro ligando de qualquer lugar, a qualquer hora, para o número 180.