Foto: Rubens Lopes
No Campeche os pescadores que ainda praticam a pesca artesanal tem uma pequena vantagem em relação aos de outras comunidades, já que não vivem exclusivamente do mar, saindo com os barcos só em eventuais arrastões ou para pescar anchova. O esforço maior se concentra na pesca da tainha, que começa em maio. De qualquer forma, são pelo menos 80 pessoas envolvidas no cotidiano da pesca artesanal, pois ela envolve também atividades no rancho, como a arrumação das canoas e o reparo das redes.
O Campeche tem atualmente quatro parelhas, que são os grupos que se organizam para pescar, sendo formados por remeiros, patrões e camaradas. Conforme lembra Hugo Daniel, secretário da Associação dos Pescadores, a maioria dos envolvidos tem mais de 60 anos e isso os coloca no grupo de risco agora, nesses tempos de coronavírus. “O trabalho de remendo das redes, por exemplo, que é feito no verão, ficou bastante prejudicado, pois o pessoal está tendo de ficar em casa. Muita rede não deu pra terminar”.
Agora, com toda a situação criada pela pandemia, os pescadores estão também bastante inseguros com relação à própria pesca da tainha, e ninguém sabe se ela vai ser liberada mesmo em maio ou não. Até mesmo a tradicional Missa de Abertura da Pesca da Tainha, que acontece no 1º de maio, já foi descartada. Não será organizada esse ano. “A missa depende de liberação da prefeitura e está tudo suspenso por lá. Ela também junta muita gente e certamente até maio as coisas ainda não estarão normais”, diz Hugo.
Na praia tudo está deserto e os pescadores obedecem a quarentena.