Todos os anos, os povos indígenas, de vários lugares da região sul, caminham em direção ao litoral nos meses de verão. Sabem que nesses meses a vida pulsa, os turistas chegam aos borbotões e isso significa a possibilidade de boas vendas para sua arte ancestral. É uma maneira que encontram de garantir a comida e o bem estar da família nos meses seguintes. Porque a maioria das aldeias padece de falta de estrutura e as terras são pouco férteis. A arte indígena ainda é um recurso de sobrevivência. Mas, quando chegam no litoral as famílias não encontram espaços para dormir ou comer, ficando muitas vezes ao léu, na rua. Em Florianópolis a luta dos indígenas e do movimento social garantiu há três anos um espaço num terminal desativado do Saco dos Limões e a promessa da construção de uma casa de passagem. Até agora nada da casa e as condições do terminal são cada vez mais difíceis. Por isso, segue a luta. É importante que as pessoas saibam que os indígenas, quando se movem, caminham com toda a família, com seus velhos, suas crianças e seus animais. Daí a necessidade de um lugar digno para que eles possam atravessas esses meses que são fundamentais para a existência no resto do ano. O programa Campo de Peixe recebeu Alzemiro Matias (Kaingang) e Joana de Freitas (Kaiapó).