Foto: presidenciáveis ao final do último debate – WILTON JUNIOR/Metrópolis
Texto: Valdeci Reis
Estamos a dois dias da eleição do primeiro turno. Apenas dois dias!
Coincidentemente, no dia de hoje a “constituição cidadã” completa três décadas. Fruto de um intenso debate pós-ditadura, a carta magna marcou uma virada legislativa na tentativa de construir um país mais justo, fraterno e desigual. Além de exigir que o Estado Brasileiro garantisse ao seu povo, saúde, educação e assistência social.
Na noite de ontem (04/10) a emissora de televisão de maior audiência no país promoveu o último debate entre os candidatos a Presidência da República. Curiosamente, o candidato que lidera as pesquisas faltou ao encontro. Todavia, no mesmo horário do debate, a emissora televisiva concorrente exibiu uma entrevista de 30 minutos com o candidato que se recusou a debater suas ideias com os concorrentes que almejam chegar ao Palácio do Planalto.
O debate foi estarrecedor, se considerarmos que estávamos na véspera do aniversário da constituição promulgada em 1988. No campo ideológico do chamado “centrão” – MBD, PSDB, PODEMOS, REDE – tivemos que assistir propostas delirantes como: Prouni para as creches, substituição do SUS por planos de saúde privados populares, intensificação da perda de direitos (trabalhista e previdenciário) para que os estrangeiros voltem a investir no país.
No campo à esquerda, o candidato do PT tentou sobreviver a artilharia do “centrão”. Fez um apelo à nação se comprometendo a gerar empregos, manter as universidades federais públicas e gratuitas, levar para as escolas estaduais a qualidade dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia.
Veio da extrema esquerda a surpresa, o candidato do Psol explorou muito bem sua capacidade de comunicação, levando o telespectador a refletir os riscos reais que rondam a democracia, bem como os desafios que teremos em 2019. Com o avanço da crise econômica e, consequentemente, o desemprego estrutural, estados e municípios têm sido demandados por ampliação de serviços em áreas essenciais como educação, saúde e assistência social. A queda na arrecadação de impostos, a inversão de prioridades por parte do Governo Federal e os limites impostos pela questionada Lei de Responsabilidade Fiscal têm sufocado a oferta de serviços públicos de qualidade. Assim, a implementação de um árduo e complexo ajuste fiscal por parte do poder executivo federal, junto à flexibilização das leis trabalhistas, sucateamento da previdência social e intensificação do ataque aos direitos sociais, são alguns dos desafios que a população e o próximo governante terão que enfrentar.
O segundo turno promete ser 21 dias de intenso acirramento e confronto de ideias. Mas será também a oportunidade de provocarmos os candidatos a tomarem posição sobre esses temas complexos que afetam significativamente a população brasileira.