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2ª Mostra de Cinema Árabe Feminino apresenta mais de 40 filmes dirigidos por mulheres

Entre 19 de maio e 27 de junho, as produções cinematográficas árabes dirigidas por mulheres estarão na 2ª edição da Mostra de Cinema Árabe Feminino, que este ano será totalmente online e acessível na maior parte do mundo. Uma seleção de mais de 40 filmes de diversos formatos e gêneros – curtas, médias e longas-metragens de ficção e documentários – vai trazer à tona a multiplicidade dessas cinematografias através de filmes realizados por mulheres em países como Egito, Líbano, Palestina, Sudão, entre outros. O festival é 100% gratuito e os filmes serão exibidos virtualmente no site www.cinemaarabefeminino.com. O projeto é patrocinado pelo Banco do Brasil, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Com as suspensões das atividades em março de 2020, como medida de segurança contra o novo coronavírus, o #CCBBemCASA foi criado, disponibilizando conteúdos exclusivos da programação no site bb.com.br/cultura. E mesmo após a retomada das atividades presenciais nos CCBBs Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Belo Horizonte, as atividades virtuais foram mantidas para continuar levando arte e cultura para todos que não podem participar presencialmente dos projetos. O projeto Mostra de Cinema Árabe Feminino é mais um passo importante dessa iniciativa.

A programação inclui debates, mesas redondas e uma masterclass com a diretora palestina Larissa Sansour, conhecida pelas obras de ficção científica. Haverá também      um tributo para a diretora libanesa Jocelyne Saab (1948-2019), ex-repórter de guerra que realizou dezenas de filmes ao longo de sua carreira, e uma homenagem para a diretora tunisiana Moufida Tlatli (1947-2021), a primeira mulher árabe a dirigir um longa-metragem, que faleceu este ano por decorrência da COVID-19.

A curadoria desta edição é das brasileiras Analu BambirraCarol Almeida e da egípcia Alia Ayman e contempla produções com temas diversos como questões políticas, críticas sociais, conflitos familiares, utopias, amizades e masculinidades. “A mostra faz um panorama da produção árabe e reúne filmes de ficção, experimentais, documentários e obras performáticas. Os filmes abordam as mais diversas questões e, entre os temas recorrentes, observamos a retratação de futuros possíveis e também o questionamento de universos expandidos, de existências possíveis no mundo de hoje”, diz a curadora Analu Bambirra.

Entre os 27 filmes inéditos em exibição na  Mostra de Cinema Árabe Feminino, destacam-se “Escritório de Espera”“Barbès” e “Portão de Ceuta”, dirigidos pela marroquina Randa Maroufi, que participará de um debate sobre as produções; “Quando Coisas Acontecem” (Palestina/Reino Unido), de Oraib Toukan; “O Protesto Silencioso: Jerusalém 1929” (Palestina), com direção de Mahasen Nasser Eldin e “Você Já Matou Um Urso – ou Tornando-se Jamila” (Líbano), dirigido por Marwa Arsanios.

 

DEBATES

– Conversa sobre o filme “Silêncios do Palácio”, com a pesquisadora e cineasta Viola Shafik

19/05/2021, às 16h

– Marwa Zein (Arábia Saudita), diretora de “Khartoum Offside”

06/06/2021, às 13h

– Nadine Salib (Egito), diretora de “Mãe daquele não-nascido”

06/06/2021, às 16hs

– Randa Maroufi (Marrocos), diretora de “Portão de Ceuta”. “Barbés”, “Stand-by office” 16/06/2021, às 14hs (conversa pré-gravada)

– Salma El-Tarzi (Egito), diretora de “Underground na Superfície”

19/06/2021, às 14hs

– Mathilde Rouxel, autora do livro “Jocelyne Saab: La Mémoire indomptée 1970-2015” e Nour Ouayda, curadora, crítica e cineasta

24/06/2021, às 14h (conversa pré-gravada)

– Michele Tyan e Myrna Maakaroun, atrizes do filme “Once Upon a time in Beirut”, de Jocelyne Saab

26/06/2021, às 15h

 

MESAS REDONDAS

– Palestinidades: Corpo e Território

28 de maio, às 14h

Proponentes: Daniele Regina Abilas e Fernando Resende

 

A Palestina é um território e uma experiência que atravessa corpos. Ela é composta de memórias vividas, sentidas, contadas e recontadas por gerações que se amontoam e transitam por espaços limítrofes, múltiplos e disputados. Na Palestina histórica e na al-shatat, a diáspora, as experiências vividas e narradas revelam identidades multi-geográficas (Tawil-Souri) que, em constante urdidura, se tecem no sobrepor de gerações. Os filmes e documentários contemplados nessa Mostra revelam subjetividades e experiências diversas, nos convidando a adentrar câmaras escuras de sensações e imaginações, substâncias reais que revelam formas (im)possíveis de vida. A Palestina produz distintos regimes de subjetividades, gerando protagonismos e ideais muitas vezes contraditórios, projetos de vida que sustentam o território palestino como solo comum. Assim, esta mesa tem como objetivo provocar, a partir de uma perspectiva histórica, uma reflexão sobre os engendramentos criados pela experiência subjetiva do conflito no território palestino, tendo como foco o corpo feminino. Mais do que buscar definir a identidade palestina, o intuito é colocar em questão as formas distintas de experimentar os “modos de ser palestina”, levando em conta a trágica experiência do conflito. Dessa forma, buscamos compor quadros que revelam palestinidades, formas de habitar e de se perceber como mulheres sujeitas de uma história que, muitas vezes, insiste em apagá-las e confiná-las, a partir de uma lógica de silenciamento, restrição e condensamento de suas experiências.

 

Convidadas: Mahasen Nasser Eldin (cineasta – “O protesto silencioso”); Riham Isaac (artista performática e professora); Dina Matar (professora e pesquisadora)

 

– Um assunto de família – 13/06/2021, às 15h (horário a confirmar)

com Aline Motta (cineasta), Kawthat Younis (Um presente do passado) e Leila Basma (O projeto Adam Basma).

Toda memória familiar é parte constitutiva da História, particularmente quando essa memória familiar se projeta também como políticas da lembrança e políticas de apagamento. Nessa mesa, a proposta é debater algo que não é novo no cinema, mas que vem se intensificando e se capilarizando nos últimos anos: filmes que narram a História a partir de uma mirada muito pessoal sobre narrativas familiares, contadas no olhar e na voz de quem faz parte dessas famílias.

 

– Sul-Sul: curando filmes para/de nós mesmas – 20/06/2021, às 15hs (horário a confirmar)

com Alia Ayman (curadora), Analu Bambirra (curadora), Carol Almeida (curadora), Janaína Oliveira (curadora e pesquisadora) e Mary Jirmanus Saba (Um sentimento maior que o amor).

Com muita frequência, a experiência de pensar, programar e curar filmes que pertencem ao chamado Sul Global se dá a partir de negociações com as expectativas que os grandes festivais de cinema europeus ou estadunidenses impõem sobre o que os territórios de “alteridade” supostamente devem revelar. O que acontece então quando essa experiência se dá somente entre pessoas e instituições do Sul Global? O que se altera nas conversas, nas propostas curatoriais e na energia que circula entre as pessoas? São com essas questões que lançamos esta roda de conversa.

 

Masterclass

– Um Futuro Anterior: Masterclass com Larissa Sansour – 22/05/2021, às 13h

Larissa Sansour trabalha principalmente com cinema, e também produz instalações, fotografias e esculturas. O que é central em seu trabalho é a dialética entre mito e narrativa histórica. Nascida em Jerusalém Oriental, Palestina, seu trabalho recente utiliza a ficção científica para endereçar questões sociais e políticas, lidando com memória, traumas herdados, estruturas de poder e estados-nação.

Na aula, ela lidará com o uso de tropos da ficção científica em um contexto artístico e a mudança de significados que se resulta. Sansour apresentará excertos de filmes assim como imagens de seu trabalho cobrindo mais de uma década de sua prática artística. Ela discutirá as ideias por trás do enquadramento do discurso político na ficção especulativa e a retro temporalidade inadvertida que essa proximidade gera.